Têm casca vermelha, firme, raiada a verde no topo e na base e um perfume que alastra e me envolve, como o das flores numa manhã quente de Verão. Mas o que a casca guarda é outra história.
Experimentei-as pela primeira vez há já alguns anos na casa dos meus sogros, frutos de três das várias macieiras que lá existem. E eu nunca tinha comido uma maça assim. Polpa rija, branca, com leves nuances de verde muito claro mas com pedaços de polpa que eram transparentes e ainda mais verdes, a lembrar o azeite, o que lhe valeu pelos vistos o apelido de “maça azeiteira” e um sabor tão ácido que quase me fazia vir lágrimas aos olhos. O meu caso com esta maça não foi, e longe disso, amor à primeira “dentada”. Passei anos a usá-las apenas em doces sem nunca as comer cruas mas ainda assim sempre adorei aquela cor e transparência. E depois aos poucos e naturalmente fui-lhe aprendendo o gosto, pouco a pouco, sem esperar nada, nem surpresas, nem descobertas, para aprender que no auge da madurez, estas são das minhas maças preferidas.
E agora que o frutos da colheita deste ano já estão quase a acabar, juntei-as à doçura das uvas do Gerês e também às amêndoas de Trás os Montes, para fazer este pudim cremoso, frutado, amendoado e absolutamente delicioso!
Levei anos a “entender” estas maças mas isso já ninguém me tira 😉
Deixo-vos também algumas imagens da nossa última ida ao Gerês, mesmo no começo do Outono, e dos Garranos que encontramos por lá.
In English
They have red, firm skin, rayed in green on top and bottom and a perfume that spreads and involves me like flowers on a warm Summer morning. But what the peel keeps is another story.
I tasted them for the first time several years ago at the home of my in-laws, fruits of three of the several apple trees that exist there. And I´ve never eaten an apple as such. Tough pulp with shades of very light green, but with bits of pulp that were transparent and even more green, reminding olive oil, which apparently earned it the nickname of “oily apple” and such an acidic taste that almost made me come to tears. My affair with this apple was not love at first “bite”, far from it. I spent years using them only in jams, without ever eating them raw, but still, I always loved it´s color and transparency. And then at some point, slowly and naturally I begin to learn it´s taste, bit by bit, expecting nothing, neither surprises or discoveries, to learn that at the pick of ripeness these are now among my favorite apples.
And now that the fruits of this years harvest are almost ending, I add them to the sweetness of the american grapes from Gerês and also the almonds from Trás os Montes, to make this creamy, fruity, almondy and absolutely delicious pudding!
It took me years to “get” these apples but nobody can take that away from me now 😉
I leave you here some photos of our last trip to Gerês, in early Autumn and the beautiful Garrano horses we saw there.
Ingredientes:
250 g de açúcar amarelo
100 g de manteiga sem sal
150 ml de leite gordo
3 ovos, de preferência caseiros
100 g de amêndoa moída
50 g de farinha de arroz
4 maças médias, ácidas tipo reineta, descascadas e cortadas em fatias bem grossas
100 g de uvas pretas (usei americanas)
1 colher de chá de canela em pó
50 g de amêndoas em lascas
Açúcar em pó para polvilhar
Preparação:
*Unte uma tarteira (20 cm de diâmetro) com manteiga e reserve.
*Sirva quente ou frio polvilhado com açúcar em pó ou com natas frescas batidas e faça bom proveito!
50 g flacked almonds
Icing sugar
*Preheat the oven to 180º, 350f, gas mark 4
*Butter a 20 cm diameter tart tin.
*Beat 200 g of the sugar with the eggs until fluffy, about 3 minutes.
*Take the milk and butter to the heat until melted.
*Add the still hot milk mixture to the eggs and sugar cream and beat until combined.
*Stir in the ground almond, rice flour and cinnamon and beat.
*Cover the bottom of the tin with the apple slices, scatter the grapes all over, cover with the batter and sprinkle with the remaining 50g of sugar and flacked almonds.
*Bake for 25 to 30 minutes, until firm to the touch and golden brown.
*Serve warm or cold with a bit of icing sugar dusted on top or with some cold whipped cream and enjoy!
Que perdição de pudim!! Excelentes fotos 🙂
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Diogo Marques
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Sigo o Pratos e Travessas há já algum tempo….confesso que o que mais me encanta são as fotos….primeiro faço questão de presentear os meus olhos com tal maravilha e só no fim vou espreitar a receita!!!. As receitas apesar de terem um aspeto fenomenal são na sua maioria acessíveis a todos ou quase todos. Os textos….ah sim, esses também me prendem porque as descrições são fantásticas…em jeito de história na qual nos envolvemos e viajamos no tempo e no espaço.
Boa semana.
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Pertinho de minha casa há umas macieiras bravias, sem dono, que também dão dessas maçãs mais ácidas que marmelos e que por dentro parecem ter bocados transparentes de gelatina verde (não encontro outra descrição 🙂 )
São fabulosas para doces e bolos mas ainda não me 'amiguei' delas a ponto de as comer cruas.
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Obrigada Diogo!
Nel, obrigada por estar aí, por gostar do que faço e pelo comentário inspirador 🙂
Maria, São realmente saborosas, talvez com o tempo se habitue como eu 😉
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Parabéns pela fotografias e a receita! Tem muito bom aspeto e espero algum dia fazer-la.
Tenho uma dúvida, para bater é preciso batedeira eléctrica ou ao mão?
Obrigada!
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Laia,
Obrigada!
Para bater o açúcar com os ovos convém usar a batedeira para um resultado mais rápido e cremoso, nas restantes etapas e se preferir, pode usar uma colher de pau 🙂
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Adoro as imagens. Quase nem precisam de texto de tão evocadoras que são. Parabéns pela qualidade, gosto mesmo muito deste blog, e acabei de o descobrir!!
http://bloglairdutemps.blogspot.pt/
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