Nada se compara ao verde do Minho na Primavera.
Campos de erva alta a perder de vista. Ribeiros de água cristalina, ladeados por tufos de hortelã e aipo selvagem. Pastos macios onde as ovelhas vagueiam alegremente e um horizonte feito de montes ondulados que em dias de sol parecem querer tocar o imenso céu azul. E estas são apenas algumas das razões que me fazem querer sempre lá voltar.
Chegamos a Caminha mesmo a tempo de tomar o primeiro café na esplanada da praça. As casas que a rodeiam com o seu pé direito baixo, fazem-me lembrar o Portugal dos pequenitos. Tudo é tão bonito e de outros tempos…
Passeamos pelas ruas pitorescas, onde por sorte estava a decorrer o mercado de antiguidades e velharias que só acontece no 3º Domingo de cada mês. Nós não fazíamos nem ideia, mas não podia ter calhado melhor. De repente e sem contar, eu estava no sítio certo à hora certa. Tachos de ferro, talheres antigos, pratos, copos, geringonças e todas aquelas coisas que me deixam de “olhos em bico”, incluindo uma tábua velha e gasta que é a minha mais recente aquisição.
E finalmente começou a nossa viagem pelos verdes campos do Minho, até Vilar de Mouros. Primeiro a planície suave como veludo verde. E depois a subida lenta por entre casas de muros altos, enfeitados com cascatas de rosas e glicínias. Jardins alegres, animados pelo cantar dos pássaros e pelo cacarejar das galinhas.
A certa altura, os campos verdes começaram aos poucos a rarear, para darem lugar à paisagem agreste da Serra D´arga. Extensões de monte cobertas por tojos, carqueja e urze. Vegetação rasteira. Pinceladas rústicas de amarelo, verde e rosa que contrastam com o azul do céu e o branco acinzentado das nuvens. Apesar das abertas, a ameaça de chuva ainda pairava e o piquenique preparado para a jornada, acabou por acontecer debaixo de chuva fraca, já depois da visita ao Mosteiro de S. João D´arga. Tarte cremosa de cenoura e cogumelos com manjerona, azeitonas, pão rústico ainda estaladiço, salada de rúcula, feijão frade, tomate e cebola, sopa de beterraba com limão e tomilho e crumble de morangos.
Antes do regresso à estrada, mais uma paragem para apanhar funcho, já a pensar num risoto de maruca e ameijoas. E um adeus e até breve, a uma das zonas do Norte onde as raízes das minhas memórias são mais profundas.
In english
Nothing compares to the greenness of Minho in Spring.
Neverending tall grass fields. Crystal water streams, bordered by mint and wild celery. Soft pastures where the sheep wander happily, and an horizonte made of wavy hills, that on sunny days seem to want to reach for the immense blue sky.
We arrived at Caminha just in time to have our morning coffee at the small plaza terrace. The houses that surrounds it have low ceilings, and remaind me of Portugal dos pequenitos. Everything is so pretty and from old times.
We strolled through the picturesque streets, where luckily was taking place the flea and antiques market, that only happens on the 3rh Sunday of each month. We didn´t know, but it could not be in a better time. Suddendly I was in the right place at the right time. Iron pots, old cutlery, plates, glasses, gadgets and all those things that make me really happy, including an old, worn out board that became my newest acquisition.
And finally, we began our journey through the green fields of Minho to Vilar de Mouros. First the lowlands, soft as green velvet. And then, the slow ascent through high walled houses, adorned with roses and wisteria cascades. Cheerful gardens, animated by the singing of birds and cackling of hens.
At one point the green, luscious fields began to scarce, to give place to the harsh lanscape of Serra D´arga. Hills extensions covered with gorse, broom and heather. Undergrowth vegetation. Rustic brushstrokes of yellow, pink and green, contrasting with the blue sky and white, greyish clouds. Despite the blue sptots in the sky, the threat of rain lingered, and the planned picnic took place under weak drops of rain, after the visit to the Monestery of S. João D´arga. Creamy carrot, mushrooms and marjoram tart, olives, rustic, crispy bread, arugula, blackeyed peas, tomato and onion salad, beetroot, lemon and thyme soup and strawberry crumble.
Before returning to the main road, a stop to pick some gorgeous wild fennel, to make a ling and clam risotto.
And a goodbye and see you soon, to one of the areas in the north, where the roots of my memories are deeper.
A minha história com a beterraba não é um caso de amor à primeira vista. E se não fossem os nutrientes que fazem dela uma pérola no mundo dos tubérculos, provavelmente eu nunca me tinha dado ao trabalho de a cozinhar e de não desistir dela. Comecei com estes queques e depois passei às sopas. Hoje e depois de variar ervas, temperos e ingredientes, posso dizer que esta é a ideal para mim. Aveludada e deliciosa.
Ingredientes:
800 g de beterraba (3 beterrabas médias) sem as folhas
120 g de batatas descascadas
500 ml de caldo de vegetais
2 dentes de alho
1 raminho de tomilho
Raspa de 1/2 limão
Sal a gosto
2 colheres de sopa de azeite
Tomilho para decorar
Preparação:
*Pré-aqueça o forno a 200º, marca 6 do fogão a gás.
*Lave as beterrabas e dê-lhes um golpe, junte-lhes uma haste de tomilho e embrulhe-as em papel de alumínio.
*leve ao forno num tabuleiro por 40 minutos,ou até que fiquem tenras.
*Coza as batatas cortadas em pedaços pequenos e os alhos no caldo de vegetais, junte o que sobrou do ramo de tomilho (com a panela semi tapada e em lume brando).
*Tire as beterrabas do forno e deixe arrefecer um pouco antes de as desembrulhar. Desembrulhe e tire-lhes a pele que sai facilmente.
*Junte as beterrabas cortadas em pedaços à panela com os restantes ingredientes, junte a raspa de limão e sal e triture tudo com a varinha mágica. A sopa deve ficar bem cremosa mas se achar que precisa de mais um pouco de líquido, junte água a gosto.
*Sirva com folhas de tomilho e um fio de azeite.
My history with beets was not a case of love at first sight, and if it wasn´t for the nutients that makes it a pearl in the world of tubercles, I probably would never bothered to cook it, and persist on trying new ways of eating it. I started with these cupcakes and then passed to the soups. Now and after varying with herbs, seasonings and ingredients, I can finally say that this one is the right one for me. Velvety and delicious.
Ingredients:
800 g beetroot (3 medium beetroots) with no leaves
120 g peeled potatoes
500 ml vegetable stock
2 garlic cloves
1 small bunch of thyme
Zest of 1/2 lemon
Salt to taste
2 tbs olive oil
Thyme to serve
Preparation:
*Preheat the oven to 200º, gas mark 6.
*Wash the beetroots, cut them halfway through, add one thyme sprig to each one and fold them with foil.
*Bake for 40 minutes or until tender.
*Boil the potatoes in the stock with the remaining ingredients, including the thyme, in slow heat (cover the pan with a lid).
*Remove the beetroots from the oven and let them cool a bit before unfolding them. Then peel them.
*Cut the beetroots in small pieces and put them inside a blender with the remaining ingredients. Add the lemon zest and salt. Blitz until smooth. Add a little bit of water if you think it´s necessary.
*Serve with a drizzle of olive oil and a few thyme leaves.
Estas fotos souberam-me a férias, por um motivo muito simples: todos os anos passo uma parte das minhas férias (junho ou setembro, ou ambos) em Caminha. E isto acontece vai para mais de 20 anos. E depois tenho sempre os passeios pela zona super encantadora do minho litoral: seixas, cerveira, valença, por vezes viana, outras vezes damos um saltinho a espanha, com visita a la guardia e a baiona, vilar de mouros, com as suas maravilhosas azenhas é de passagem e paragem obrigatórias, enfim, um sem n.º de locais bucolicamente deliciosos para passar os dias mais desejados do ano 🙂
Gosto de beterrabas. E onde gosto mais delas é em saladas. Quentes, frias ou mornas, isso não interessa. Ontem o jantar vegetariano foi salada de feijão canário, tomate, beterraba cozida e queijo feta. Tudo regado com azeite e vinagre balsamico e polvillhadi com manjericão grego acabado de colher. Uma salada morna de comer e chorar por mais 🙂
LikeLike
Também tenho um grande fascínio pelo Minho:) Simplesmente adoro o Gerês e quando consigo gosto de la ir dar uma escapadela. renova as energias. As fotos estão simplesmente perfeita 🙂 muitos parabéns
(para quando um workshop no Porto?)
LikeLike
What gorgeous landscapes… and soup! Looks delicious.
LikeLike
olá Ondina
Esta é realmente uma zona idílica, ideal para passar momentos únicos e onde eu gosto sempre de voltar.
Quanto à beterraba, para já fico-me pelos queques e pela sopa, já as saladas,quem sabe um dia?
Olá Frango no campo
Também fui várias vezes do Gerês para caminha e Vilar de Mouros, vale sempre a pena!
Quem sabe? Se surgir um convite vantajoso e irrecusável talvez venha a acontecer mas apenas a médio, longo prazo.
Hi Laura
Thanks! I´m glad you like it.
LikeLike
Que linda viagem que me propocionaste… obrigada!
LikeLike
Não conhecia o seu blog e estou perfeitamente encantada. Muitos parabéns por um trabalho excelente. A nomeação da Saveur é mais do que justa!
LikeLike
Olá Inspiração Inesperada
É sempre um prazer oferecer boas emoções 🙂
Olá Manuela
Muito obrigada:))
LikeLike
Beautiful pictures! I would like to visit Portugal again!
LikeLike
olá=)
fotos maravilhosas que transmitem mais que mil palavras!
LikeLike
A most delightful post! Your photographs are irresistible, just stellar!
LikeLike
Hi nadelundgabel!
Thanks 🙂
Olá Vera!
Obrigada:)
Hi Deb
Thank you so much!
LikeLike
Olá Mónica,
Eu resido em Vilar de Mouros e curiosamente não reconheço o local da foto!
Sou visitante assídua do seu blogue e seguidora também. Aprecio imenso o seu trabalho de culinária, mas confesso que me sinto fascinada pelas fotos, elas transmitem toda a sua criatividade e sensibilidade.
Um dia gostava de fazer um workshop de fotografia com a Mónica, quem sabe, não há impossíveis!
Bjs
LikeLike
love your work. =)
LikeLike