Rosa e verde, as cores do ruibarbo…

A primeira vez que ouvi falar de ruibarbo, foi num filme francês com Simone Signoret, do qual não me lembro o nome, em que a personagem que a actriz interpretava, dizia numa certa cena, que tinha feito doce de ruibarbo. Eu era uma miúda mas nunca mais me esqueci. 
Muitos anos se passaram sem que eu soubesse ao certo do que se tratava, que tipo de alimento era aquele?… Era fruta? Era vegetal? Enfim as perguntas eram muitas e continuaram sem resposta durante muito tempo.



Eu cresci, o gosto pela cozinha também e a certa altura, conforme ia aumentando a colecção de livros de cozinha, iam aparecendo mais e mais receitas com o tal ingrediente, que eu não sabia o que era, muito menos a que sabia.
Lembrei-me de falar com o meu pai, a pessoa que conheço que mais sabe sobre plantas. Entretanto já tinha ido à Casa Hortícola no Porto, tentar arranjar sementes. Quando falei em ruibarbo, o senhor que me atendeu, disse:
-Não temos sementes disso. Já muita gente veio cá à procura do mesmo, isso foi algum programa que deu na televisão?
 Respondi :
– No meu caso não, foi um livro que li.
E lá vim embora sem as sementes, mas com a certeza de que não era a única pessoa interessada  no assunto.
Passados uns dias telefona-me o meu pai, a dizer que tinha lá em casa dois vasos com a planta do ruibarbo. Além de procurar nos ” cartapácios “, informações detalhadas sobre a planta , o meu pai tinha ainda arranjado o tão desejado ruibarbo. E foi assim que comecei mais uma aventura.
O ruibarbo é uma planta originária da Ásia, o seu nome (Rheum), é suposto derivar de Rha, o antigo nome do actual rio Volga (Rússia), em cujas margens a planta crescia.
O ruibarbo é um vegetal mas é usado como fruta em doces e sobremesas. Existem várias espécies. Na China a planta era conhecida desde á pelo menos 3.000 anos A.C., onde era cultivada para fins medicinais. Esta planta tem propriedades terapêuticas, é um descongestionante do fígado, depurativo do sangue, tónico e digestivo.
Embora exista na Europa há séculos (onde era usada como planta medicinal), só em 1778, é que foi registada como planta comestível e o seu uso mais antigo na cozinha é como recheio de tartes e empada doces .
O sabor dos seus talos é ácido e cítrico, mas atenção, as folhas não podem ser consumidas, pois são muito tóxicas. As partes que se usam na cozinha, são somente os talos de cor rosa e verde, lindíssimas por sinal.
O ruibarbo não deve ser cozinhado em tachos de alumínio, pois este metal reage com os ácidos e outros componentes do suco da planta.
Espero que estas informações sejam úteis a quem se interessar por este alimento, em breve vou trazer-vos receitas com ruibarbo. Aguardem!

Esta é uma compota para usar em gelados, soufflés e sobremesas em geral. Não dá para guardar durante muito tempo, mas estando num recipiente hermeticamente fechado pode durar até uma semana.

Compota de ruibarbo

Ingredientes:

750 gr. de ruibarbo

225 gr. de açucar amarelo
1 laranja

Preparação:

Corte os talos do ruibarbo em cubos ( depois de lavados ).

Num tacho ( não de alumínio ), ponha o ruibarbo, o açucar e o sumo e a raspa da laranja , misture e leve ao lume.
Quando ferver ponha no mínimo e deixe cozer, até o ruibarbo começar a desfazer.
Se gostar da compota com os pedaços de ruibarbo inteiros, pode misturar os ingredientes, pôr num prato de ir ao forno, tapar com papel de alumínio e levar a cozer 45 minutos no forno pré-aquecido a 190º. Desta forma os pedaços ficam inteiros, mas cozidos.
Depois de pronto, deixe arrefecer e guarde em recipiente fechado, ponha no frigorífico até precisar de usar.