A bruma que nos acompanhou estrada fora e que circundava os montes como o tule mais fino, esvoaçante e mágico finalmente dissipou-se, revelando um dia iluminado pelo sol.
Para lá chegar tomamos estradas desertas. Algumas de terra batida, território quase exclusivo da fauna, da flora e da proteção florestal. Mas quanto mais deserto. Quanto mais agreste. Tanto mais eu sou eu.
À chegada vi que o ribeiro ainda tinha água. Por vezes o início do Outono carrega ainda a secura do Verão e os ribeiros e riachos nada mais são do que carreiros temporários, à espera das primeiras chuvas da estação para devolver a água e a frescura à terra.
Receei que em mais um regresso ao nosso recanto este estivesse seco e árido, mas não. O musgo estava verde e fofo. As libelinhas azuis mais uma vez entrelaçadas no ar na sua dança intemporal e os alfaiates na sua marcha sincronizada, cujos movimentos criam um sem fim de reflexos na água.
Deixámo-nos ficar.
Na cesta uns flaugnardes, outonais e fofos, de dióspiro, amêndoa e canela, um chá de camomila e a vontade bem guardada de ficar e ficar. E entre colheradas doces e macias, o canto dos pássaros e goles preguiçosos de chá morno a tarde passou. Despedimo-nos mais uma vez com um “Até breve” e retomamos as mesmas estradas desertas, deixando aos poucos os montes para trás, para darmos entrada de novo na “civilização”.
Agora e já de volta à rotina do dia a dia, quero também dizer-vos que o livro que fotografei em Nova Yorque em 2016 já foi publicado e estou super orgulhosa do resultado final. O livro é lindo, as receitas de challah são qualquer coisa. Sei o que digo porque provei todos e até me cresce água na boca só de pensar. Chama-se “Rising The Book of Challah” e a autora é a Rebbetzin Rochie Pinson.
Podem encontrá-lo aqui na Amazon.
In English
The mist that accompanied us out the road and circled the hills as the finest, swirling, magical tulle finally dissipated, revealing a day lit by the sun. To get there we took deserted roads. Some of them are almost exclusive territory of fauna, flora and forest protection. But the more deserted. The more wilder. The more I am me.
On our arrival I saw that the brook still had water. Sometimes the beginning of autumn still carries the dryness of summer, and small rivers and streams are nothing more than temporary roads, waiting for the first rains of the season to bring water and freshness back to earth.
I feared that on another return to our nook it was dry and arid, but no. The moss was green and fluffy. The blue damselflies once again entwined in the air in their timeless dance and the pound skaters in their synchronized march, whose movements create endless reflections in the water.
We let ourselves stay.
In the basket were a few fluffy, autumnal persimmon, almonds and cinnamon flaugnardes, a chamomile tea and a well-kept will to stay and stay. And between sweet, soft spoons and lazy sips of warm tea the afternoon passed. We parted again with a “See you soon” and took the same deserted roads, gradually leaving the hills behind, to bring us back into “civilization.”
Now, back to the routine of everyday life, I also want to tell you that the book I photographed in New York in 2016 has already been published and I am very proud of the final result. The book is gorgeous, the challah recipes are quite something. I know what I’m saying because I’ve tasted every recipe and even know my mouth is watering just thinking about it. It is called “Rising The Book of Challah” and the author is Rebbetzin Rochie Pinson.
You can find it here on Amazon.
Ingredientes:
- 100 g de farinha
- 100 g de farinha de amêndoa moída
- 200 ml de leite meio gordo
- 4 ovos
- 50 g de açúcar
- 1 pitada de sal
- Polpa de 1 dióspiro pequeno
- 1 colher de chá de canela em pó
- Manteiga para untar a sertã ou assadeira
- Açúcar em pó para polvilhar
- Dióspiros cortados em rodelas finas
Preparação:
- Unte uma sertã à prova de forno ou assadeira com manteiga.
- Pré aqueça o forno a 200º, marca 6 do fogão a gás.
- Numa taça junte todos os ingredientes mas apenas metade da quantidade de leite. Mexa para ligar e junte o leite restante. Mexa novamente mas não em demasia ou a massa não focará tão fofa depois de cozida.
- Verta a mistura na sertã ou recipiente escolhido, espalhe as rodelas de dióspiro por toda a superfície e leve ao forno por 20 minutos, até o flaugnarde ficar tufado nos lados e ganhar uma bonita cor dourada.
- Para mim este flaugnarde é a representação perfeita de uma sobremesa deliciosa de Outono. Ou não fosse ele uma fusão de clafoutis e de dutch pancake.
- O melhor de dois mundos.
Ingredients:
- 100 g plain flour
- 100 g almonds flour
- 200 ml semi skimmed milk
- 4 medium eggs
- 50 g caster sugar
- Pinch of salt
- 1 tsp of cinnamon
- Pulp of 1 small persimmon
- Rounds of persimmon for the top
- Butter for the skillet
- Powdered sugar for dusting
Preparation:
- Butter a medium/large skillet and set aside.
- Preheat the oven to 200º, 400f, gas mark 6.
- In a large bowl mix together all the ingredients with half the amount of the milk, until combined. Stir in the remaining milk but don´t over do it so the flaugnarde stays flully and light.
- Pour the batter into the skillet, place the persimmon rounds all over the top and bake for 20 minutes, until puffed and beautifully browned.
- For me this flaugnarde is the perfect representation of a delicious Autumn dessert. The fusion of a clafoutis and a dutch pancake.
- The best of two worlds.
Todas estas fotos estão captivantes e evocativas, lindas como já nos habituaste a esperar – e sim, a exigir também – de ti. Mas as palavras que as acompanham é que me fizeram saltar o coração no peito com vontade súbita de me perder por esses caminhos e sentar á beira do rio a ver correr o tempo e as águas devagar, sem pressas de viver em catadupa como já é normal esperar nos dias de hoje. Mesmo com as libélulas – tenho profunda fobia a insectos.
https://bloglairdutemps.blogspot.pt/
LikeLike
Ola Monica Sempre a tentar o nosso palato! Esta receita deve ser ….deliciosa. Bjinhos
LikeLike
Olá Zinda!
Obrigada! Beijinhos
LikeLike