Salada primaveril de favas, alho francês bébe, chagas e hortelã pimenta

Nas últimas semanas, tenho vindo a redescobrir as feiras. Os mercados a céu aberto que são uma fonte inesgotável de vegetais e frutas frescas e de inspiração culinária. Estes espaços são sempre muito vividos e pulsam de côr e de chamamentos. “Oh menina, leve lá alguma coisinha”.
“Venha aqui minha querida, então o que vai ser?”…
Ali encontro as bancas das frutas sempre bem ordenadas. E as pilhas de couves variadas, alfaces, espinafres e ervas, salpicadas de água fresca, como se o orvalho da manhã ainda as cobrisse.Tudo fresco e bonito, a criar uma paleta de cores que se misturam e vibram a cada toque de quem pára para escolher ou apenas apreciar. Mas o lado prático das feiras é que nelas muitos dos vendedores são também produtores, ou melhor dizendo, lavradores. Vendem o que produzem nas suas terras, diretamente, sem intermediários. E assim dão-me a possibilidade de comprar ingredientes frescos, de produção local, (já para não dizer nacional, o que é muito importante), sazonal e a um preço mais baixo. Volto a casa com o cesto cheio, a carteira não tão vazia e apoio um modo de vida mais sustentável e o trabalho de quem realmente se ocupa da terra.  Comprar produtos locais implica ter a consciência de que estou a optar por ingredientes cujo transporte não teve um impacto tão negativo no ambiente. E porquê? Porque não foi necessário consumir quantidades enormes de combustível para transportá-los. Isto traduz-se em menos emissões de gases nocivos e numa maior poupança dos recursos terrestres. Tudo coisas boas!
No caminho de regresso a casa e já longe do bulício da feira, fui pensando no que fazer com as ervilhas, favas, ervilhas de quebrar  e alho francês bébé que tinha comprado aos lavradores. Saladas, sopas, massas?…Talvez.
Já na cozinha, comecei pelas favas. Separei as mais pequenas, cozi-as e montei uma salalada. As maiores acabaram em arroz. Não passo a Primavera sem um bom arroz de favas com chouriço. É uma daquelas coisas! Depois as ervilhas de quebrar que acabaram em sopa. Quanto às ervilhas ditas “normais”, guardei-as para as massas, a pensar num molho com natas e vermouth…muito bom.
Nesta altura do ano, a horta está coberta por ervas aromáticas e por chagas que formam um tapete de verde, laranja e amarelo que não pára de crescer. Escolhi flores e botões e apanhei também algumas folhas pequenas que ficam deliciosas em saladas cruas. Têm um travo picante que lembra um pouco os agriões. Se não conseguirem arranjar as chagas, podem usar uma mistura de folhas verdes; espinafres, alfaces, dente de leão etc., o que preferirem, mas se puderem experimentem as chagas. São ricas em vitamina C e outras coisas que nos fazem bem, saborosas e crescem em qualquer pedacinho de terra. Para mim esta é uma salada que lembra e sabe a primavera, pela textura tenra e sabor único das favas, pela frescura ligeiramente picante da hortelã pimenta e das chagas e pela côr  viva dos ingredientes. Um prato cheio!

E já agora, uma boa semana para todos!

Ingredientes: 4 pessoas
500 g. de favas já sem a casca
5 talos de alho fracês bébé, cortados em pequenas rodelas
Flores de chagas
Folhas pequenas de chagas
Folhas pequenas de hortelã pimenta

Vinagrete:
4 colheres de sopa de azeite
2 colheres de sopa de vinagre de vinho tinto
Folhinhas de hortelã pimenta
1 dente de alho ralado
Pimenta preta a gosto
Sal fino a gosto

Preparação:
*Coza as pequenas favas em água temperada com sal. Deixe levantar fervura e coza por 5 a 6 minutos, só até ficarem tenras mas sem deixar que percam a cor verde. Espete um palito para ver.
*Entretanto prepare a vinagrete.
*Junte todos os ingredientes na lista acima e misture muito bem. Pode juntá-los num frasco com tampa, para poder agitar e misturá-los melhor.
*Escorra as favas e passe-as por água fria para que mantenham a cor verde bonita.
*Numa saladeira junte as favas, o alho francês, as flores e folhas de chagas e as folhas de hortelã.
*Cubra com a vinagrete e sirva.